O que é Sikhismo? (parte 2 de 2): Uma religião indiana ou monoteísta?
O Sikhismo é conhecido como uma das religiões indianas junto com o Hinduísmo e o Budismo, que já discutimos, e o Jainismo. Essas quatro religiões compartilham de certos conceitos chave que são interpretados de forma ligeiramente diferente por cada grupo ou subgrupo. Estão todos ligados por uma crença no carma e no conceito de reencarnação. No Hinduísmo a alma retorna repetidamente em muitas formas diferentes até se reunir com a fonte. No Budismo o conceito é diferente e é chamado de renascimento, em que não há alma imutável ou eterna, e sim uma série de vidas separadas da concepção até a morte.
O Sikhismo aceita a crença hindu no carma e na reencarnação, mas prega uma forma simples de encerrar o ciclo, vivendo uma vida disciplinada. Os sikhs acreditam que por meio da graça de Deus e pela contemplação e repetição constantes de Seu nome, pode-se ser libertado do ciclo de nascimento e morte. O guru Nanak explicou a seus seguidores que o nascimento é devido ao carma, as a liberação é devido a graça de Deus. O guru Nanak ensinou que a salvação não significa entrar no paraíso após o último julgamento, mas uma união e absorção em Deus, às vezes chamado de o Verdadeiro Nome.
O Sikhismo é essencialmente uma religião monoteísta e por essa razão tem mais em comum com o Islã do que o Hinduísmo ou o Budismo. Entretanto, como descobriremos, existem diferenças gritantes no conceito de Deus e no sistema básico de crenças.
Os sikhs usam muitos nomes para se referir a Deus, incluindo os de outras crenças, como Rama ou Allah. Um nome comumente usado é Waheguru que significa Senhor maravilhoso. Um sikh também acredita que Deus não tem forma, é eterno, não pode ser visto e que antes da criação tudo que existia era Deus e Seu hukam (vontade ou ordem). Usam o número 1 para significar a universalidade de Deus. O guru Nanak disse que Deus é onipresente e visível em todo lugar para o espiritualmente consciente. Enfatizou que Deus deve ser visto a partir do coração de um ser humano, significando que os devotos devem meditar para progredir na direção da iluminação.
O conceito de Deus como o Deus Criador, diferente e não parte da criação é semelhante ao conceito de Deus no Islã.
Ele criou tudo, preenche tudo, mas é separado. (Guru Granth Sahib)
"Deus criou todas as coisas." (Alcorão 39:62)
A mente apenas nunca pode conhecê-Lo. (Guru Granth Sahib)
"Nada se assemelha a Ele." (Alcorão 42:11)
Entretanto, o Sikhismo afirma que Deus está em tudo e em todos os lugares, um conceito rejeitado pelo Islã que soa familiar à noção hindu de Deus. O Sikhismo deixa muito claro, entretanto, que também negam o conceito hindu de Deus e semideuses. O Islã afirma categoricamente que Deus não está em todos os lugares, mas acima nos céus, próximo de Sua criação por meio de Seu conhecimento.
O Islã é a religião que foi revelada para todos os povos, todos os lugares e todas as épocas. Os muçulmanos creem que o Alcorão é o último livro revelado, que o profeta Muhammad é o profeta final e a mensagem final de Deus para a humanidade foi revelada a ele. Portanto, o Islã rejeita totalmente a noção de que o Guru Granth Sahib seja uma revelação de Deus. Os sikhs escreveram suas escrituras com base em suas interpretações de certas ideias ensinadas no Hinduísmo e no Islã. Também rejeitaram completamente alguns dos ensinamentos islâmicos e hindus, para chegar a uma combinação interessante das teologias hindu e islâmica.
Pode haver algumas semelhanças, mas são as diferenças que expõem a incompatibilidade entre o Islã e o Sikhismo. Elas incluem o fato de os sikhs serem proibidos de comer carne abatida ritualmente (halal), não acreditarem em peregrinações, enquanto que a peregrinação à Meca (Hajj) é um pilar do Islã e cremarem os corpos de seus mortos, enquanto que os muçulmanos os enterram.
O Sikhismo nega a realidade dos anjos e demônios, que figuram de forma proeminente na crença islâmica. Não há conceito de recompensa e punição divinas, como paraíso e inferno. Os sikhs, como os hindus e budistas, acreditam que o carma determina se uma pessoa finalmente alcançou ou não a unidade com Deus. Entretanto, como já afirmado, rejeitam a crença hindu em encarnações (avatares) de Deus, acreditando que só existe um Deus que faz Sua vontade conhecida por meio dos gurus.
O guru Nanak foi um reformador religioso, não o fundador de uma religião inteiramente nova. "Embora as origens do Sikhismo tenha levado os gurus a adotar algumas das crenças do Islã e do Hinduísmo, também os levaram a rejeitar muitas delas. O objetivo era mostrar um caminho para a iluminação que estivesse disponível para todos, independente de casta, sexo ou outros fatores externos e, ao fazê-lo, estabeleceram uma religião que tem algumas semelhanças gerais com o Islã, mas que é na realidade bem diferente." [1]
Note de bas de page:
[1] Ren Shengli e Gerhard Wohlberg.
(https://www. karma2grace. org/webcomponents/faq/index. asp?det=68)
Outras fontes:
(https://www. sikhismguide. org/sikh-belief. aspx)
(https://www. religioustolerance. org/sikhism2. htm)
(https://www. religionfacts. com/sikhism)
(https://www. sikhs. org)
(https://www. sikhnet. com/pages/introduction-sikhism)